João, o nosso gari
João Batista Costa Serpa tem um nome tão elegante quanto a sua relação com a vida e com a sua profissão. Ele é gari, com muito orgulho, há exatamente 13 anos. Trabalha todos os dias varrendo nossas ruas, com exceção da 4ª Feira, quando ajuda a limpar a rua Maria Eugênia depois da feira. João gosta dessa tarefa, ingrata por natureza, já que as árvores desfolham suas folhas todos os dias, sem perdão. Se fosse só isso até que era bom, acontece que tem gente que joga papel no chão assim que João acaba de varrer. Mas ele não reclama e continua rua abaixo, onde já encontrou de tudo: um ventilador funcionando, televisão, um guarda-roupa inteiro desmontado, celular, relógio, carteira com todos os documentos, chaves, cadeiras, mesas e tudo o que a nossa imaginação quiser. João sabe da importância da reciclagem de garrafas pet, latas, vidros, papel e se espanta com a quantidade de pessoas que vivem do que é jogado fora. Sabe que é possível aproveitar praticamente tudo se as pessoas separarem o lixo antes de colocar na rua. Aos 44 anos, separado e com duas filhas de 13 e 22 anos, João sonha com um bom futuro para elas e com o réveillon e o carnaval. Pois é, como bom carioca que é, ele adora ser escalado para Copacabana no último dia do ano e, semanas depois, para o Sambódromo. Não tem coisa melhor do que desfilar com a sua vassoura, recolhendo restos de sonho e de alegria. Preste atenção nele, se é que você ainda não reparou. João é um brasileiro, que todos os dias trabalha nas nossas ruas.
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